
Banco dos Brics debate a ciência e tecnologia, com foco na inteligência artificial
Imagem: NDB Anual Meeting
Neste ano, a ciência e tecnologia, com foco especial na inteligência artificial, foi um dos tópicos centrais da 10ª reunião do banco dos Brics, realizada no Rio de Janeiro, nos dias 4 e 5 de julho. As reuniões anuais do banco o New Development Bank (NDB), presidido por Dilma Rousseff, são divididas em duas frentes. A primeira são os seminários de debate sobre os temas mais relevantes do ano para o NDB. A segunda, as reuniões fechadas do Conselho de Governadores.
A presidente do NDB, Dilma Rousseff, enfatizou a oportunidade dos países em desenvolvimento impulsionarem seu progresso por meio de investimentos em tecnologia, inovação e transição energética. O foco do banco permanece no desenvolvimento sustentável. Assim como destacou o presidente Lula na cerimônia de abertura, os esforços globais devem estar voltados ao combate à emergência climática, com o compromisso de limitar o aquecimento global a 1,5 ºC até o fim do século.
A inteligência artificial surge como um desafio urgente, sobretudo pela velocidade com que seus avanços vêm ocorrendo. Isso impõe a necessidade de adaptação rápida, tanto em infraestrutura quanto na formação de talentos capacitados.
Vukosi Marivate, co-fundador da Lelapa AI, apresentou a missão da empresa e os desafios de desenvolver soluções de inteligência artificial voltadas ao Sul Global. Segundo ele, ainda existem barreiras de entrada enormes, especialmente para os países africanos. Marivate destacou a importância de identificar as demandas sociais locais e propôs que as instituições financeiras pensem em como escalar soluções digitais baratas, eficazes e adaptadas à realidade dessas populações. A IA, para ele, precisa ser acessível e pensada para o benefício coletivo e não apenas concentrada nas grandes potências.
Seguindo essa linha, a presidente do NDB alertou para os riscos de uma revolução digital excludente: “Devemos abraçar a revolução digital. Não de maneira passiva, mas ativa e estratégica. Entretanto, sem uma política de inclusão, só aprofundaremos a exclusão digital.” Dilma defende que, para reduzir a lacuna entre os países do Sul Global e as grandes potências, o NDB deve financiar projetos de ciência e tecnologia nos países membros, com destaque especial para a IA.
O governo chinês publicou, em 2017, um plano para transformar o país em líder global em IA até 2030. Desde então, o país implementou políticas de formação de talentos, incluindo a IA como disciplina nas universidades, e criou redes de incentivo ao empreendedorismo tecnológico. Um dos palestrantes do seminário do NDB foi Haitao Song, reitor do Instituto de Pesquisa em Inteligência Artificial de Xangai. A instituição já incubou mais de 20 startups de alta tecnologia, com valor de mercado superior a US$ 5 bilhões.
Durante o evento do NDB, Song apresentou aplicações avançadas, como sistemas preditivos de acidentes industriais e robôs humanoides com sensores inteligentes para interagir com o ambiente. Ele destacou ainda a AgiBot (Zhiyuan Robotics), primeira fábrica chinesa de produção em massa com robótica generalista, que emprega mais de mil robôs em diversas etapas de fabricação, incluindo montagem e organização de estoque.
Diante desse cenário, o NDB se propõe a ir além do financiamento de obras tradicionais como estradas e ferrovias. Investir em ciência e tecnologia pode permitir aos países do Sul Global, como o Brasil, reduzir a dependência de exportações de baixo valor agregado e entrar em cadeias produtivas mais sofisticadas. Isso inclui financiar infraestrutura científica, fomentar a educação e tornar tecnologias como a robótica acessíveis aos países membros. O próprio NDB pretende incorporar a IA em sua estrutura interna para otimizar seus custos operacionais e direcionar mais recursos aos países membros. Com informações de GGN.
Para a Abojeris, essa tecnologia não pode ser tratada como substituta da atuação humana em funções que envolvem julgamento ético, sensibilidade social ou responsabilidade civil, pois esses contextos exigem supervisão humana criteriosa e qualificada, com responsabilidade e compromisso com os valores democráticos. Nesse sentido, a associação defende que qualquer implementação de IA, especialmente no setor público, deve estar acompanhada de políticas claras de governança, com transparência, controle social e ampla participação humana. A Abojeris reforça a importância dos investimentos em infraestrutura pública de qualidade e do respeito aos princípios constitucionais, de modo que a revolução digital seja uma ferramenta a serviço da sociedade, e não um fator de exclusão ou desumanização dos serviços essenciais.