HISTÓRIAS DE OFICIALAS DE JUSTIÇA – Márcia de Lima Canez

Juntos Somos Fortes

Oficiala de Justiça – Comarca de Pelotas

Quando li, na página da ABOJERIS, as histórias de Oficialas de Justiça, me enterneci, achei graça, senti a angústia das colegas, e, mais do que qualquer coisa, claro, me encontrei nos relatos vividos e emocionados.

Todos sabemos a jornada solitária de nossa profissão, na maior parte do tempo. Não só a solidão física. Algumas de nós trabalham juntas, por vezes, mas ser titular de um mandado significa tomar decisões difíceis sem tempo para refletir. É um instante, precisamos dar respostas e reagir ao conflito que se instala.

Pensei em tantas histórias… tantas vidas… todas a merecer ser contadas! Acabei por escolher uma história simples, e ressaltar algo fundamental entre nós, que nenhum colega desconhece: a importância da nossa união e apoio mútuo.

Certo dia, daqueles em que as coisas tendem a dar errado, levei meu carro para lavar e cheguei ao fórum de táxi, para passar a tarde fazendo certidões, indo a cartórios e resolvendo o necessário. Ao pôr o pé na sala dos Oficiais, fui atravessada pela lembrança de que, em cerca de quarenta minutos, eu precisaria conduzir uma testemunha à audiência! Não só esquecera da condução, como não consultara os mandados de audiência na véspera!
Quem nunca passou por isso e esqueceu de uma tarefa importante? O desespero se instalou em mim, e eu não sabia o que fazer, de jeito nenhum conseguiria uma viatura a tempo! Nesse instante, entra na sala o Éder, nosso calado, eficiente e prestativo colega! Corri até ele:

– Éder, quebra meu galho, vai comigo buscar uma testemunha! E rápido!

Como é do seu feitio, ele não falou muito, só respondeu:

– Então vamos!

A sorte socorre os patetas, e felizmente, para mim, ele estava na sua caminhonete grande, pois a testemunha estava com uma perna quebrada, cheia de pinos, e não poderia se locomover de outra forma. A audiência fora marcada por um magistrado que já havia duvidado de certidões dos Oficiais de Justiça. Assim, sem pensar muito, levamos a testemunha, embora fosse uma temeridade e, se pensasse mais, não faria novamente.

Conduzi a testemunha, nos olhamos e pensamos a mesma coisa: não poderíamos, claro, deixar a testemunha à própria sorte, e assim, após a audiência, levamos de volta o coitado.

Essa história não é a mais perigosa, nem a mais pitoresca, emocionante ou engraçada entre as muitas do nosso cotidiano. Resolvi contá-la para ilustrar a importância das nossas parcerias, da lealdade, da amizade e da confiança que desenvolvemos entre nós, e é um tesouro trazido pela nossa profissão. Somos amigos e podemos contar uns com os outros. Isso, como é moda dizer agora, verdadeiramente NÃO TEM PREÇO.

 


Esse texto faz parte da campanha da ABOJERIS “Histórias de Oficialas de Justiça”. Para contar sua história e conhecer todas as demais, clique em no link abaixo. Compartilhe essa ideia e envie sua história!

HISTÓRIAS DE OFICIALAS DE JUSTIÇA

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