Poder de Estado fragilizado nos setores elétrico e judiciário

Negligência e falta de qualidade alertam para perigos iminentes devido à má qualidade da CEEE Equatorial e do uso desenfreado de terceirizações e inteligência artificial no judiciário

 

Em uma denúncia contundente, a partir de uma coluna publicada no GZH, nesta quarta-feira (7), a Associação de Oficiais de Justiça do Rio Grande do Sul (ABOJERIS) aponta para sérios problemas tanto no setor de distribuição de energia elétrica quanto no judiciário. A investigação revela um quadro alarmante de despreparo em equipes terceirizadas da CEEE Equatorial, e que se faz correlação com a implementação desenfreada das terceirizações e inteligência artificial no sistema judiciário, ambos setores de suma importância e que se mostram insuficientes.

No setor elétrico, a Superintendência Regional do Trabalho expôs que profissionais terceirizados, encarregados de tarefas perigosas junto à rede elétrica, recebem treinamento aquém do necessário. Além disso, há suspeitas de manipulação de dados para ocultar a inadequada capacitação fornecida. A ABOJERIS, em consonância com essa descoberta exposta no GZH, destaca a gravidade desses desvios, argumentando que, em um setor intrinsecamente perigoso, negligências são inaceitáveis.

A Associação aponta para uma correlação evidente entre a demora persistente da CEEE Equatorial em restabelecer o fornecimento após eventos climáticos extremos e a falta de qualificação das equipes terceirizadas. Isso não apenas afeta a eficiência do serviço, mas também aumenta os riscos de intervenções mal executadas e atrasos no restabelecimento da energia.

 

A precarização do serviço público avança também no Judiciário 

Na última semana do mês de janeiro deste ano, foi realizado um encontro dos presidentes dos Tribunais de todo Brasil, na cidade de Foz do Iguaçu PR, que aprovou por unanimidade e respaldo do TJRS a “importância da adoção da terceirização dos serviços de apoio no Poder Judiciário, permitindo que os Tribunais de Justiça concentrem a força de trabalho de seus quadros próprios nas atividades finalísticas”. Esta decisão representa uma ameaça à qualidade dos serviços públicos do Judiciário, resultando na precarização ainda maior dos trabalhadores.

A terceirização, aliada à crescente dependência de estagiários, não só com estudantes de ensino médio e superior, mas também com residências jurídicas de pós-graduação, evidencia uma clara tentativa de exploração e substituição da mão de obra qualificada, comprometendo não apenas a estabilidade profissional, mas também a qualidade do serviço prestado à população. 

O documento também incentiva o avanço da inteligência artificial e automações no Judiciário, o que acende um alerta. A ABOJERIS se mostra atenta às transformações tecnológicas e entendemos a importância da modernização, sempre ressaltando que as IAs não podem ser forçadas em detrimento das pessoas. 

No âmbito judiciário, a implementação da inteligência artificial é vista pela ABOJERIS como uma ferramenta de ressalvas, assim como a terceirização, que desqualifica o trabalho humano necessário, pela falta de compromisso com a qualidade do serviço. A integridade e confiabilidade dos serviços judiciais podem ser comprometidas pela terceirização em larga escala. A preocupação recai sobre a segurança das informações dos cidadãos e a ética na utilização de algoritmos complexos. Se destaca que, junto com a busca pela eficiência, medidas rigorosas de segurança e ética devem ser implementadas.

A Associação faz um chamado à reflexão sobre a entrega de atividades essenciais a empresas terceirizadas sem garantias de qualidade, sigilo e segurança. No entender da entidade, o Poder de Estado deve priorizar a distribuição de Justiça com equidade à população, o que não condiz com a terceirização indiscriminada. É extremamente importante a participação ativa dos trabalhadores nesses debates, ressaltando que o futuro da categoria está em jogo.

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