Trabalhadores alertam presidente do TJRS contra riscos da inteligência artificial

Desembargador Delgado Neto destacou, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, a importância da preservação da essência humana no processo judicial frente ao avanço tecnológico

 

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) enfrenta um novo capítulo em sua trajetória, e o presidente recém-empossado, desembargador Alberto Delgado Neto, identificou a “cultura virtual” como o principal desafio de sua gestão. Em entrevista exclusiva ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o presidente destacou a necessidade urgente de lidar com as complexidades do avanço tecnológico, especialmente no contexto do uso crescente de inteligência artificial.

O desembargador expressou sua preocupação em relação ao rápido avanço tecnológico, enfatizando que a substituição de inteligências humanas por ferramentas digitais é uma realidade que demanda atenção especial. “O enfrentamento das pessoas, a psicologia das pessoas e a sensibilidade das pessoas em relação a isso são muito relevantes. No caso do TJ, onde lidamos com vidas, direitos e o dia a dia da vida civil, é algo que nos desafia muito”, declarou Delgado Neto à rádio.

Ao ser questionado sobre o papel da inteligência artificial no judiciário, o presidente afirmou que essas ferramentas “precisam ser conjugadas muito bem para que não se perca a essência do julgamento”. Ele ressaltou que a nova abordagem do Tribunal é centrada na gestão de pessoas e na adaptação da inteligência social como uma ferramenta de apoio e celeridade, sem, no entanto, substituir a inteligência humana. “A nossa bandeira agora é a gestão de pessoas e, principalmente, a adequação da inteligência social como ferramenta de apoio, de celeridade e não de substituição da inteligência humana”, acrescentou.

Delgado Neto também aproveitou para destacar a contribuição do Judiciário para o equilíbrio das contas do Estado, salientando que, neste momento, o Judiciário está desempenhando um papel importante nesse aspecto. Ele confirmou que o pagamento retroativo de quinquênios a juízes e desembargadores, aprovado em novembro pelo Órgão Especial, teve início em janeiro.

O presidente, ao abordar o tema, demonstrou a necessidade de equilibrar o avanço tecnológico com a preservação dos valores humanos fundamentais na administração da justiça. A atenção ao desafio da “cultura virtual” e a postura cautelosa em relação ao uso da inteligência artificial indicam uma abordagem crítica e responsável por parte da nova gestão do TJ-RS, em um momento em que a integração das tecnologias digitais no sistema judiciário é inevitável, mas também exige reflexão cuidadosa sobre suas implicações éticas e sociais.

A posição da ABOJERIS é clara: em vez de adotar acriticamente a última moda tecnológica, seria prudente que o TJRS considerasse os riscos e desafios associados a essa abordagem. A eficiência não deve ser priorizada às custas da qualidade e da precisão, especialmente no sistema judiciário, onde a justiça deve ser cega, mas não insensível. A busca por inovação não deve comprometer a confiança no processo judicial.

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