Famílias que recebem benefícios movimentaram cerca de R$ 3,7 bilhões em Bets, aponta TCU

Imagem: Joedson Alves / Divulgação CP

Um levantamento recente do Tribunal de Contas da União (TCU) revelou dados alarmantes sobre integrantes de famílias que recebem o Bolsa Família e destinaram cerca de R$ 3,7 bilhões a casas de apostas somente em janeiro de 2025. Segundo o relatório, 4,4 milhões das 20,3 milhões de famílias beneficiadas realizaram transferências para plataformas de apostas, e isso levando em conta apenas os sites autorizados. As chamadas “bets ilegais”, ainda amplamente ativas, continuam a operar aos milhares, apesar das tentativas de controle e bloqueio. 

O TCU também divulgou uma análise detalhada sobre o impacto desse comportamento no endividamento das famílias beneficiárias do programa. O estudo cruzou informações sobre o valor dos benefícios recebidos, gastos com apostas, outras fontes de renda (como salários) e ainda os ganhos oriundos de prêmios pagos pelas plataformas. Os resultados apontam que 2.818 famílias se encontram em “situação crítica” e de “alto risco social”. Outras 23.397 estão em fase de “início de endividamento”, e 774.678 já apresentam “comprometimento das necessidades básicas”. No total, mais de 800,8 mil famílias do Bolsa Família têm algum membro envolvido com apostas e enfrentam problemas financeiros relevantes. 

Diante desse cenário, o Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), decidiu prorrogar por mais 30 dias o prazo para que as empresas de apostas se adequem à norma que proíbe o cadastro de beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). A regra, publicada em 1º de outubro, deveria entrar em vigor após 30 dias, mas representantes do setor alegaram dificuldades técnicas para adaptação dos sistemas. Com informações de Correio do Povo.

Para a Abojeris, é fundamental que sejam criados mecanismos eficazes para impedir o uso de recursos de programas sociais em casas de apostas, tanto por beneficiários diretos quanto por seus familiares. Além disso, a associação reforça a importância das casas de apostas pagarem corretamente os impostos e cumprirem todas as normas exigidas para atuar no Brasil. Para a entidade, somente com regulamentação inflexível e fiscalização efetiva será possível equilibrar o crescimento desse mercado com a proteção social e o interesse público. No mês de outubro, o Congresso Nacional teve a oportunidade de reparar essa situação, contudo, optou por votar contra a taxação das Bets e casas de apostas, permitindo assim que esse privilégio continue existindo e retirando a possibilidade do país arrecadar para fazer frente às inúmeras necessidades da população nas áreas mais básicas. 

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