Em memória de Laura Nunes: Um alerta sobre jornadas de trabalho exaustivas
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Na última terça-feira (25), a colega Laura Emília Nunes, assistente de procuradoria no Ministério Público Estadual, faleceu devido a uma parada cardíaca. De acordo com relatos de colegas do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do RS (SIMPE-RS), Laura foi uma mulher que viveu a vida, o trabalho e a luta por justiça com coragem e determinação. A Abojeris manifesta suas mais sinceras condolências aos familiares, amigos e colegas de profissão, unindo-se a todos na solidariedade e no respeito à memória de Laura Nunes.
Diante desse triste e inesperado acontecimento, a direção da entidade deseja trazer um alerta para toda a categoria. Na última sexta-feira (28), o presidente da Abojeris,Valdir Bueira, esteve presente na Assembleia Geral do SIMPE-RS e pôde ouvir o emocionante relato de Lucas, filho da Laura, onde ele contou que a mãe trabalhava exaustivamente de domingo a domingo e com jornadas de trabalho prolongadas para cumprir metas e prazos.
Segundo o relato, esse comportamento já preocupava familiares e amigos próximos, pois essa rotina intensa já havia causado afastamento do trabalho por questões de saúde. Ainda assim, ela continuava sendo cobrada e não conseguia reduzir suas longas jornadas. Sempre sobrecarregada, raramente conseguia comparecer a eventos com amigos, mesmo em feriados ou finais de semana.
A rotina exaustiva que Laura mantinha não é incomum entre os colegas cartorários do judiciário, que trabalham durante a madrugada, em feriados e finais de semana, inserindo mandados e cartas precatórias nas caixas dos Oficiais de Justiça. Essa mesma dedicação também é exigida dos Oficiais de Justiça, que diariamente também precisam cumprir mandados durante a noite, feriados e finais de semana. Tudo isso ocorre para que seja possível cumprir metas e atender às cobranças, reduzindo cada vez mais o “giro”, que a cada dia se torna mais curto.
Para a Abojeris, não é mais possível manter esse ritmo sem uma jornada de trabalho definida e sem dias de expediente determinados. A saúde, mental e física, não vai suportar, como infelizmente aconteceu no caso de Laura. A associação reitera a necessidade de cobrar do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) que seja criada uma trava no sistema Eproc após o horário de expediente, impedindo o acesso, exceto nos plantões. É essencial implementar uma desconexão além do horário normal de trabalho, garantindo tempo para a vida pessoal, a família e a própria sobrevivência fora do expediente. Parafraseando Charles Chaplin: Não sois máquina, homens é que sois.



