HISTÓRIAS DE OFICIALAS DE JUSTIÇA – Ariana Zanardo

Corro para fugir e corro para socorrer

Oficiala de Justiça – Comarca de Rosário do Sul

Quem me conhece sabe que corro rústicas, maratonas, trilhas e montanhas e corro também para fugir do perigo e para ajudar quem de nós necessita! Resumirei alguns "causos". 
Mandado de internação compulsória com acompanhamento da Brigada Militar. Eu e uma policial abordamos o paciente, que se encontrava em um pequeno corredor entre a sua casa e o muro. Ciente da ordem, ele ameaçou nos agredir, e a policial utilizou a “taser” para contê-lo, sem êxito! O choque não surtiu efeito e o senhor partiu para cima de nós, acertando o antebraço da policial com o que chamam em Guaporé de "brítola", um canivete em forma de foice. Para contê-lo, o policial que estava do outro lado deu um tiro de advertência, não funcionou… deu mais um tiro, dessa vez na perna do homem, que então se rendeu! Eu, ao primeiro disparo, saí correndo temendo o ricochete, corri para fugir… 

Maria da penha à noite, em município jurisdicionado, cujo acesso era estrada de chão. O agressor, um senhor com seus sessenta e poucos anos, a vítima, sua sobrinha-neta de dez anos de idade, que relatou dor na barriga e na "borboleta"… Lá se vai a Oficiala de Justiça com a Brigada Militar e deparamo-nos com um senhor agressivo e desobediente, o qual gerou extrema confusão, recusando-se a sair de casa. Fomentou a revolta de todos em relação aos fatos nojentos de que era acusado, teve de ser algemado para ser contido. A vítima, uma linda menina brincando com suas bonecas, a mãe da vítima "voltando" de um desmaio, tamanha a dor que estava sentindo por sua filha e por ter sido vítima desse mesmo agressor na sua infância (fato mais tarde revelado)! Nesse caso, eu corri para ajudar!

Uma simples intimação de audiência terminou em mordida de cachorro e vacina antirrábica. Bati palmas em frente a casa, gritaram para que eu entrasse, e como não ouvi latido nenhum, me aproximei da porta. Tarde demais! O cachorro já estava no meu joelho, sangue e calça rasgada, nem deu tempo de correr para fugir!

Busca, apreensão e acolhimento de menor em abrigo. A menor era abusada pelo padrasto e pelos irmãos. Apenas oito anos de idade! Esperta, mas para ela aquilo tudo parecia normal, pois era o que aprendera até então! Aceitou o que lhe explicamos e nos acompanhou como uma "lady". Corri para ajudá-la contra esses abusos…

Enfim, ser Oficial de Justiça é ter que ser forte e sensível ao mesmo tempo, é ter que agir com firmeza no cumprimento das ordens e desabar em lágrimas dentro de seu carro depois que as cumpre. É saber que pode ser uma ferramenta de ajuda para pessoas em alguma situação de risco e/ou abuso e fazer uso disso para concretizar a Justiça!

 


Esse texto faz parte da campanha da ABOJERIS "Histórias de Oficialas de Justiça". Para contar sua história e conhecer todas as demais, clique em no link abaixo. Compartilhe essa ideia e envie sua história!

HISTÓRIAS DE OFICIALAS DE JUSTIÇA

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