Primeiros data centers de IA no Brasil podem consumir energia equivalente a 16,4 milhões de casas

Imagem: Divulgação/Scala Data Centers

Em julho deste ano, a Abojeris manifestou sua preocupação diante da futura instalação do data center do TikTok, que prevê um gasto de energia diário comparável ao de 2,2 milhões de brasileiros em suas residências. Contudo, dados mais alarmantes são os complexos de data centers de Inteligência Artificial (IA) que serão instalados em quatro regiões do Brasil e que juntos poderão ter o consumo de energia equivalente ao de 16,4 milhões de casas. 

Esses espaços estão previstos para serem construídos no Rio de Janeiro (RJ), em Maringá (PR), em Uberlândia (MG) e no estado do Rio Grande do Sul, em Eldorado do Sul. O data center que será utilizado pelo tiktok não foi incluído neste cálculo, pois ainda não está confirmado se sua finalidade será voltada à IA. 

Um data center é essencialmente uma estrutura destinada ao armazenamento e processamento de dados. Eles podem ser classificados em dois grandes grupos: os voltados para a nuvem (cloud), que sustentam serviços online, e os especializados em IA, responsáveis pelo treinamento de modelos complexos de linguagem. No Brasil existem 188 data centers , porém todos de nuvem. Nos últimos anos, no entanto, houve uma expansão significativa no mercado de data centers voltados à Inteligência Artificial. Esses espaços são projetados para hospedar supercomputadores, como os utilizados no treinamento de modelos de linguagem avançados, como o ChatGPT.

O funcionamento desses centros é comparável ao mercado de aluguel de imóveis: o cliente instala seus equipamentos, e a empresa que constrói o espaço deve garantir energia e refrigeração. Isso porque o aquecimento excessivo gerado pelos equipamentos exige sistemas de resfriamento eficazes, frequentemente abastecidos com água. Especialistas ouvidos pelo G1 apontam que o consumo de energia pode ser um pouco menor, dependendo da tecnologia aplicada. Porém, destacam a escassez de informações públicas sobre os impactos ambientais reais desses empreendimentos.

A empresa RT-One, que ainda não possui outros data centers em operação, anunciou dois projetos: um em Maringá e outro em Uberlândia, com 400 megawatts de potência cada um. O consumo máximo de cada local seria equivalente ao de 1,6 milhão de casas.  Enquanto no Rio de Janeiro, a empresa responsável é a Elea Data Centers, que possui nove data centers de nuvem no país e quer instalar outros quatro voltados para IA no Rio AI City, em Jacarepaguá. O complexo terá potência inicial de 1.500 megawatts, o que representaria, no limite, o consumo diário de 6 milhões de casas, e pode ser ampliado para 3.200 megawatts no futuro. Além dos data centers, o projeto inclui prédios para centros de pesquisa e startups.

Enquanto Eldorado do Sul, município com cerca de 40 mil moradores, foi escolhido como sede do projeto Scala AI City, da empresa Scala Data Centers. O plano prevê a construção de “bairros” de servidores, com capacidade de 1.800 megawatts, o equivalente ao consumo diário de 7,2 milhões de residências. Até 2033, essa potência poderá chegar a 5.000 megawatts. A Scala, que já opera 13 centros de dados voltados à nuvem, informou que adotará um sistema de refrigeração com óleo em circuito fechado, o que contribui para a redução no uso de água.

A prefeitura de Eldorado do Sul aprovou em dezembro uma legislação específica que institui um polo tecnológico de data centers, oferecendo incentivos fiscais para atrair investimentos. O projeto já obteve autorização para se conectar à rede básica do Sistema Interligado Nacional (SIN), utilizada por grandes consumidores de energia. Em setembro de 2024, foi assinado o protocolo que oficializa a construção do Scala AI City, apontado como o maior e mais avançado projeto de infraestrutura digital da América do Sul. A localização estratégica foi escolhida por apresentar segurança frente a desastres naturais, ampla oferta de energia elétrica e um potencial imobiliário favorável à expansão contínuas nas próximas décadas. Com informações de G1 e Gov. 

Para a Abojeris, os dados de consumo de energia e de água desses data centers são alarmantes, e sem um controle rigoroso sobre o uso de tecnologia seus impactos podem ser prejudiciais ao meio ambiente e a toda a sociedade de forma irreversível. Certamente numa eventual escassez ou falta de recursos naturais a prioridade não serão os menos favorecidos e os trabalhadores. Para esses os prejuízos serão potencializados.

Compartilhe: