
Pesquisa aponta que 70% dos deputados são contrários ao fim da escala 6×1
Imagem: Central Sindical Popular
Um levantamento realizado pelo Instituto Quaest, divulgado nesta quarta-feira (2), revela que 70% dos deputados se posicionam contra o fim da escala 6×1 e a redução da jornada de trabalho. A rejeição à proposta prevalece independentemente da orientação política, entre os parlamentares que se identificam como oposição ao governo Lula, o índice chega a 92%. Entre os chamados independentes, 74% rejeitam a medida, enquanto 55% dos deputados governistas também se mostram contrários. A pesquisa ouviu 203 deputados entre os dias 7 de maio e 30 de junho.
Em fevereiro deste ano, foi apresentada uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa extinguir a escala 6×1 e reduzir a jornada semanal para 36 horas, organizadas em quatro dias de trabalho e três de descanso. A iniciativa é da deputada Erika Hilton (PSOL) e foi inspirada pela mobilização do Movimento VAT (Vida Além do Trabalho), que ganhou força no ano passado. No entanto, a proposta ainda aguarda andamento na Câmara dos Deputados.
Dados do Datafolha, coletados em dezembro de 2024, apontam que 64% da população apoia o fim da escala 6×1 e a redução da jornada. Pesquisa similar da Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados, divulgada em março deste ano, indicou que 65% dos brasileiros desejam a jornada de 36 horas semanais e a escala 4×3.
O apoio à PEC é mais expressivo entre os jovens até 24 anos (74%) e entre trabalhadores com menor renda (70%). As mulheres, grupo mais afetado pela atual escala, também mostram maior apoio, com 66% favoráveis, em comparação aos homens com 59%. Considerando a renda familiar, o suporte à proposta é maior entre os que ganham até um salário mínimo (70%), enquanto diminui progressivamente conforme aumenta a renda: 64% entre aqueles que recebem entre 1 e 2 salários mínimos, 63% de 2 a 5 salários mínimos e 57% entre quem ganha acima de cinco salários mínimos.
A postura contrária do Congresso aos interesses dos trabalhadores e da maioria da população também se estende a outros temas. Por exemplo, metade dos deputados se posiciona contra a proposta que limita os supersalários, 53% são contrários, 32% apoiam e 15% não souberam ou não responderam. Os supersalários são entendidos como remunerações que ultrapassam R$ 100 mil mensais, e, em alguns casos, podem ser até o dobro desse valor, geralmente recebidos por magistrados como juízes e desembargadores. Com informações de Central Sindical Popular.
Para a Abojeris, a posição majoritária do Congresso contra a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1 evidencia o distanciamento entre os interesses dos parlamentares e as necessidades reais da classe trabalhadora. Em um cenário onde mais de 60% da população brasileira apoia a mudança para uma jornada mais humana e equilibrada, é inadmissível que a maioria dos deputados siga votando contra os direitos básicos da população.