
Tribunal de Justiça do RS divulga resultados iniciais do uso da Inteligência Artificial
Imagem: Correio do Povo
Na última quarta-feira (10), o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), divulgou os números conquistados no primeiro mês de uso da plataforma GAIA. Em trinta dias, a GAIA Minuta já elaborou quase 80 mil minutas, porém, nem todas se tornaram documentos, pois o período ainda é de testes para muitos. Já são mais de 3.300 usuários nos dois graus de jurisdição. No GAIA Assistente, são quase 4 mil usuários, enquanto no 1° Grau, ela já respondeu mais de 16 mil perguntas.
Diante desse crescente avanço das tecnologias e ferramentas de IA, o Centro de Formação e Desenvolvimento de Pessoas do Judiciário (CJUD), tem buscado facilitar o processo de aprendizagem e implantação da GAIA nos fluxos de trabalho e na prestação jurisdicional. Em parceria com empresas como AWS, Google e Microsoft, o TJRS lançou cursos para capacitar o público interno sobre o uso das soluções da plataforma de Inteligência Artificial do Judiciário gaúcho.
Ainda segundo o informativo divulgado pelo TJRS, todas as novidades da plataforma GAIA estão gerando grande procura por esses cursos. Em menos de um mês, mais de 2,8 mil magistrados e servidores se inscreveram no curso “GAIA Minuta”, voltado ao uso da ferramenta de geração de textos, enquanto quase 2 mil pessoas já participaram do curso “lA no Judiciário”.
Em relato, a magistrada Fabiana Barth reforça que o julgador não deve utilizar a resposta pronta fornecida pela IA sem revisão. “É como o trabalho de qualquer assessor. A checagem de quem julga é que vai determinar o sucesso da ferramenta”. A magistrada ainda complementa que a GAIA agiliza consideravelmente o trabalho. “Ajuda muito em uma jurisdição volumosa como a nossa e que precisa ser célere”, declara, ao mencionar que foi responsável por mais de 300 decisões no último mês.
Acesse o informativo 859 completo.
Para a Abojeris, os primeiros resultados do uso de IA pelo TJRS nos trazem algumas reflexões. É inegável o aumento da produtividade em menor tempo possível, porém, como mostra o informativo, nem todas as tarefas produzidas pela GAIA foram aproveitas, o que enfatiza a necessidade da checagem humana em todas as situações. Com o treinamento sistemático dos trabalhadores que farão uso dessa ferramenta e com o aperfeiçoamento que virá com o decorrer do tempo, outros fatores poderão ser analisados. Notadamente, poderemos ter uma ideia do tamanho das transformações que ocorrerão nas rotinas e nas atribuições dos trabalhadores em todos os setores do Judiciário. Embora digam que a IA é apenas uma ferramenta para auxiliar os humanos nas suas atividades profissionais, é inegável que ela também irá influenciar nos postos de trabalho, no quadro efetivo de servidores, na aplicação de novos concursos e nas oportunidades, que poderão ser reduzidas. A associação reforça a importância de lembrarmos que a ferramenta tecnológica trabalha 24 horas por dia, todos os dias da semana, sem reclamar, ir ao médico, nem exigir férias ou folgas, além de não protestar por salários e condições de trabalho. A IA não irá substituir os trabalhadores, mas é certo que ocupará muitos espaços que até então eram ocupados exclusivamente por eles.