Operação da Polícia Civil reforça importância do concurso público como forma de acesso ao Judiciário

Imagem: GZH

Nesta quinta-feira (18), a Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou a Operação Infiltrado, que investiga Henrique Vier da Silva, ex-estagiário da Justiça de Gravataí. Ele é suspeito de utilizar seu cargo para acessar e repassar informações sigilosas a integrantes de uma facção criminosa. Segundo as autoridades, entre 2022 e 2023, Silva teria movimentado cerca de R$ 2 milhões e colaborado com a lavagem de dinheiro da organização. 

O grupo criminoso, coordenado a partir de um presídio em Charqueadas, teria movimentado R$ 7 milhões usando contas de terceiros e empresas de fachada, Henrique Silva é apontado como peça-chave no esquema. De acordo com os elementos colhidos, ele vendeu informações internas de investigações em curso, permitiu o acesso a dados protegidos por sigilo e atuou diretamente na blindagem e ocultação de valores obtidos pela organização criminosa com suas atividades como o tráfico de drogas e extorsões.

O delegado apontou que o acesso privilegiado permitia que líderes e operadores do tráfico de drogas, mesmo recolhidos ao sistema prisional, adotassem estratégias de blindagem patrimonial, mobilidade e dissimulação de valores, dificultando a atuação dos órgãos de segurança pública na recuperação desses ativos originados de atividades ilícitas. Com informações de GZH e Metrópoles.

Para a Abojeris, esse caso expõe a vulnerabilidade e as brechas no sistema de Justiça frente às contratações indiscriminadas, a terceirização e à estagiarização, o que facilita o acesso e uso indevido de informações sigilosas. Além de reforçar a importância da valorização de servidores concursados, que passam por rigorosos processos de seleção e possuem compromisso institucional com o serviço público, o que é fundamental para garantir a integridade do sistema.

A associação também destaca que, com a introdução da inteligência artificial no Judiciário, a preocupação com a segurança da informação se torna ainda mais crítica. Sistemas automatizados, por mais eficientes que sejam, precisam contar com o controle humano, e principalmente a supervisão de servidores responsáveis e comprometidos com a legalidade e a ética. O episódio investigado pela Operação Infiltrado serve como um alerta, para os riscos do uso irresponsável das tecnologias e para a inserção de terceirizados e estagiários em cargos que deveriam ser ocupados por servidores concursados.

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